O que é o poder? As formas de exercício do poder na vida social e pragmática dos indivíduos

● Breve iniciação

Como foi dito na primeira parte do artigo ​ o que é o poder? , ​ podemos observar que na sociedade há várias relações de poder entre os indivíduos, que vai de uma simples relação familiar entre pais e filhos, até a uma relação mais complexa como exemplo entre patrão e empregado, vimos também que dentro dessas relações de empoderamento de uns sobre os outros (quem é dotado do poder submete, e o que não goza do mesmo é o submetido), a manifestação do poder como viés social, pode-se denotar em duas esferas: o poder apresentado diretamente, ou o poder alegado indiretamente.

Pois bem, nessa seguinte fase será abordado as diferentes formas de exercício do poder na sociedade pragmática, nas esferas políticas, sociais, econômicas, etc, sobre uma perspectiva sociológica contemporânea.

● Formas de exercício do poder

Como podemos observar na sociedade contemporânea, as relações de poder estão cada vez mais disseminadas por todos os lados, seja nas relações familiares, num grupo de amigos, numa instituição, numa empresa, em cargos públicos, etc, e essas relações podem-se caracterizar de forma simples (entre dois indivíduos) ou numa esfera mais complexa (empresa, cidade ou país). E cada uma dessas relações têm em comum o fato de servirem como meio de influência na consulta alheia.

Na esfera social, são números demasiados de exemplos ou formas de exercício do poder, todavia podemos destacar as que estão no pódio social, e que são as formas de poder predominantes, são eles: o poder econômico, o poder ideológico e o poder político. O primeiro baseia-se na posse de bens materiais, como meios de produção, à exemplo citado anteriormente o poder do patrão sobre seus empregados, o patrão exerce uma ordem (poder) que, caso não cumprida ou não realizada, o empregado pode até perder seu emprego, por isso o proletário é submetido ao patrão que submete suas leis e vontades sobre os empregados. O segundo exemplo, o poder ideológico, serve-se das ideias ou simplesmente de informações para influenciar, de forma direta ou indireta, a conduta e os princípios dos indivíduos, ou influenciar seus comportamentos sobre algo determinado, à exemplo dessa influência, citemos o papel hegemônico de determinados meios de comunicação sobre as pessoas, o poder que a mídia exerce sobre o comportamento humano é gigantesco. Como exemplo da inclusão mídia na mente humana, podemos citar uma família que se alimentou e se serve satisfeita após a refeição, porém ao assistir um programa e em seu comercial estiver passando a propaganda de um produto alimentício, é da natureza humana sentir fome novamente, e essas famílias irem atrás do produto na própria casa, ou em supermercados, restaurantes, etc, para conseguir o produto. O terceiro e último exemplo, o poder político, goza de ferramentas e variadas técnicas para alcançar a influência na conduta alheia, isto é, tentar mudar uma opinião já formada dos cidadãos sobre determinados assuntos, à exemplo o poder de convencimento de partidos políticos e seus candidatos sobre o eleitorado durante um pleito político ou eleições municipais, estaduais ou federais.

Após essa iniciação sobre as três formas de exercício do poder, vamos destrinchar cada uma delas, facilitando a compreensão e os seus respectivos papéis no âmbito social.

O poder econômico, em sua totalidade, é aquele que goza da utilização de valores materiais que podem servir de grande primordialidade na indução dos indivíduos que não os possui, a adotar diferentes comportamentos, em suma, influencia na conduta dos indivíduos e até mesmo de instituições públicas ou privadas, bem como de sociedades. Um exemplo prático é um proletário na realização de determinado trabalho. Nos últimos anos, com o avanço do capitalismo financeiro, , o primado do poder econômico se ascendeu decorrente do mesmo. Dito isto, o poder dos executivos do ramo econômico, como banqueiros, se ascende cada vez mais sobre as decisões econômicas e os rumos da economia de uma sociedade, com isso, as ações dos indivíduos, governantes e sociedade oscilam em diferentes graus socioeconômicos, comportamentais, etc. Ele ainda se vale do garantimento da riqueza e do controle das forças produtivas, sendo ele essencial para que o maior poder monetário subordine a classe pobre. Podemos destacar que o debate atual sobre o Estado aponta para o predomínio do poder econômico sobre as decisões de Estado. Esse predomínio leva à perda de soberania fundamentada nos interesses coletivos da maioria da população, que fica submetida aos interesses privados das grandes corporações econômicas (quer sejam financeiras, quer sejam industriais).

O poder ideológico, em sua generalidade, é aquele que se vale de ideias, valores e doutrinas, para conseguir influenciar a conduta dos indivíduos, bem como tentar fragmentar as ideias de noção de mundo e construir outras ideias já antes preestabelecidas, afim de estruturar e fortalecer seus seus interesses pessoais. Atualmente, essa forma de poder é percebido através da hegemonia dos meios de comunicação e até nas diversas formas de educação e até mesmo em discursos científicos e religiosos. Logo, a sociedade torna-se alvo fácil para esses grupos de dominação ideológica, que se apossam dos meios e influenciam direta ou indiretamente o modo como os indivíduos e certos grupos enxergam a realidade circundante dos fatos históricos e contemporâneos e o agir das pessoas diante desses fatos na vida cotidiana. Esses dominadores atacam primordialmente o saber dos indivíduos, controlando a mente dos mesmos que, acabam aceitando de bom grado a imposição dos dominantes, tornando-se dominados e submetidos. Segundo o filósofo italiano Norberto Bobbio, o poder ideológico é necessário para conquistar a adesão das pessoas aos valores do grupo dominante.

O poder político, o mais eficaz e o principal para o filósofo Bobbio, consiste no uso dos meios de coerção social, isto é, do uso da força para impor determinadas regras sobre a vontade geral, todavia o uso dessa força coercitiva deverá ser o último recurso desse poder e que tal uso de coerção (força física), seja legitimizada ou autorizada pelo direito social ou constitucional. Logo, sua base não está somente centrada na coação física, mas também no consenso acerca da produção de ferramentas utilizadas como fonte de imposição da vontade. Segundo Bobbio, o monopólio legítimo de tais ferramentas é o condicionante de tal forma de poder, isto é, o consenso de quem detém o poder político para que possa instituir sua vontade pessoal sobre os indivíduos em esferas sociais e históricas antes estabelecidas. Ainda assim, Bobbio explana que essa forma de poder, com o uso legal da força que condiciona o comportamento dos indivíduos, segundo ele:

[...] o poder político é, em toda sociedade de desiguais, o poder supremo, ou seja, o poder ao qual todos os demais estão de algum modo subordinados. (BOBBIO, N. e outros, ​ Dicionário de política ​ , p. 995-996).

[...] o poder político é [...] o sumo poder, isto é, o poder cuja posse distingue em toda sociedade o grupo dominante. De fato, o poder coativo, é aquele de que todo grupo social necessita para defender-se de ataques externos ou para impedir a própria desagregação interna. (BOBBIO, N. ​ Estado, governo, sociedade, ​ p. 83).

Segundo o filósofo, para garantir a ordem social, o poder político deve agir, e esse poder é o essencial nesse ato, uma vez que se utiliza da força legal na imposição da vontade de um representante. Ele ainda ressalta que na disputa de relações entre dois grupos fortes de poder, em termos econômicos e ideológicos, somente o poder político é a ferramenta decisiva e condicionante impositiva, mediante a guerra, que consiste em sua última escolha ou seu último recurso para controle da ordem na sociedade.

A partir daí, chegamos a pergunta última, que condiciona a compreensão das formas de poder, é sobre a relação que ambas possuem em comum. Para isso, Bobbio responde:

[...] elas contribuem conjuntamente para instituir e manter sociedades de desiguais divididas em fortes e fracos, com base no poder político; em ricos e pobres, com base no poder econômico; em sábios e ignorantes, com base no poder ideológico. Genericamente, em superiores e inferiores. (BOBBIO, N. ​ Estado, governo, sociedade, ​ p. 83).


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